Fomos para o cafofo. Chegamos, abri a porta e o cafofo, com sua decoração original da bagunça, estava limpo, arrumado e cheiroso. Fui até a sala, e lá estava ela, dormindo no sofá. Dei-lhe um beijo na testa e a coloquei na cama. Preparei o jantar, ela acordou, tomou banho, depois eu também, e fomos jantar os três. Estávamos na mesa, e o silêncio foi interrompido como sempre, pela mesma pessoa.
- Vou sair hoje e não vou dormir em casa, não se preocupem comigo. Quero dar um pouco de privacidade para vocês dois.
- Por favor, Júnior, ninguém quer que você fique fora de casa só para ficarmos sozinhos.
Tinha uma exceção, eu queria.
- Não se preocupe Joane. Amanhã estarei de volta. Vocês aproveitem o máximo.
- Obrigada Júnior. Você é muito bondoso.
Não faz mais que obrigação. – pensei. - Ele ajudou Joane na louça, e eu fui arrumar a mesa. Ele saiu, e eu e Joane ficamos sozinhos. Assistimos um filme, só começamos, mas não conseguimos assistir até o final. Nem me lembro o nome do filme, queria me concentrar em outra coisa. Amanheceu, e quando acordei, ela estava deitada em meus braços, o som da sua respiração bem baixa e suave. Havia um barulho na cozinha, levantei-me e fui ver o que era. Era o Júnior, um milagre ele estar em casa àquela hora e tentando fazer o café da manhã.
- Quer ajuda?
Ele pulou. Certamente que havia levado um susto. Virou-se e riu.
- Se quiseres. Aliás, cadê a sua esposa? Não era o certo você estar lá com ela?
- Ela está dormindo. Não a acorde. Eu te ajudo no café.
- Tudo bem. Eu quero ajuda sim.
Ajudei-o no café. Ela acordou e dirigiu-se à cozinha. Sentou-se, se espreguiçou e sorriu.
- Bom dia para os dois. Estou tão cansada! Parece que nem dormi.
- Thomas, o que você fez com ela?
- Eu não fiz nada seu idiota. Ela está cansada pela faxina que fez ontem.
- É Júnior, não se preocupe, vou tirar à tarde para descansar, depois de eu limpar a casa.
- Nada disso. – me queixei - Você vai descansar, eu e o Júnior vamos cuidar da casa.
- Não. Vocês descansem de manhã, e a tarde, eu descanso.
- Não, você vai descansar a partir do momento que terminar o café.
Ela olhou pra mim e não falou mais nada. Terminou seu café, deitou na cama e dormiu. À noite, Júnior ficou conosco. Dormimos cedo, e acordamos todos na mesma hora. Tomamos café, e ficamos em casa o dia todo, e foi assim pelo resto da semana. Domingo resolvemos ir ao shopping, mas foi um passeio rápido. A partir de segunda, comecei a trabalhar novamente. Tive uma surpresa de boas vindas para o mais novo casado da empresa, mas depois prosseguiu o trabalho. Passou-se três semanas. Júnior enfim conseguiu um emprego, e resolveu fazer uma comemoração só nós três, em casa mesmo. Estávamos todos os três na mesa conversando.
- E aí como vai o novo emprego? – perguntei.
- Vai bem. Para um primeiro dia, nada mal. – e demos uma risadinha.
Notei que Joane estava muito quieta. Depois quando fomos dormir, perguntei-lhe o que ela tinha.
- Amor, o que você tem? Você tem andado tão quieta ultimamente.
Parece que ela foi pega distraída. Estava imersa em pensamentos, mas entendeu minha pergunta.
- Não. Não tem nada errado. Só estou nervosa, amanhã tenho exames de rotina para fazer, e sempre fico nervosa. – sorriu. Eu nem perguntei mais nada. Deixei-a cair em meu colo e adormecer.
Amanheceu, levantei-me para preparar o café, ela veio atrás de mim. Sentou-se, não falou nada, e também não quis café. Deixei, ela tinha exames pra fazer, tinha que ficar em jejum. Júnior acordou, e veio tomar café.
- Bom Dia! Bom Dia! Vamos todos acordar!
- Por que essa alegria toda Júnior? – ela perguntou. Mas não mostrou nenhum interesse à pergunta.
- Sei lá. Hoje acordei numa felicidade só. Acho que algo vai acontecer comigo.
- Que bom Júnior. Vou torcer para que isso aconteça.
Fomos para a clínica. Fiquei aguardando na sala de espera. O que eu ia fazer lá dentro? Nada. Isso é coisa dela. Ela foi, fez os exames. Estariam prontos hoje à tarde, mas viríamos consultar amanhã. Voltamos para casa, preparei um almoço rápido, o Júnior não estava em casa. Estava trabalhando. Eu iria trabalhar à tarde, pedi essa manhã, e amanhã de tarde de folga, para que eu possa acompanhá-la no médico. A tarde foi longa, parece que não passava as horas do serviço. Cheguei em casa, Júnior já estava. Isso é bom, pelo menos ela não ficou sozinha por muito tempo. Tomamos banho, jantamos, e fomos dormir. O dia amanheceu com um algo a mais, pelo menos pra mim. Joane acordou, tomou café, lavou a louça, eu a ajudei a limpar o cafofo, que, ultimamente, anda bem organizado. Almoçamos na lanchonete perto de casa, e dali, fomos para a clínica. Ela entrou no consultório, e eu fiquei na sala de espera. De repente fui surpreendido com a médica me chamando.
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