Amor Além Da Vida

Amor Além Da Vida

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

12º Capítulo

- Bem, você já deve ter percebido que ela é muito parecida com Joane, exceto pelos olhos. Ela tem os seus, azuis esverdeados. Mas isso a deixa mais bonita.

- Meus olhos? – perguntei. Havia pelo menos uma interferência minha.

- Sim, os seus olhos. Mas tirando isso, ela é totalmente Joane. – e sorriu. Deixava-me feliz que ela fosse totalmente Joane, exceto pelos olhos. – se ela não tivesse seus olhos, todos iam duvidar que ela fosse sua filha. – não gostei dessa parte. – íamos pensar que fosse só de Joane, que ela a tinha feito sozinha. – agora ela explicou. E nós dois rimos.

Ela se mexeu e acordou. Meu olhar encontrou o seu, e ela sorriu. Tão linda. Eu fiquei maravilhado.

- Quer pegá-la? – ela perguntou. É lógico que sim. Mas tinha medo de tirá-la da cama.

- Não acha melhor a senhora tirá-la da cama? Sabe como é. Pai de primeira viagem.

- Claro. Então observe. – e tirou-a da cama. Ela era bem grande, mas também, perdi sete meses da vida dela, não tinha que me queixar do que sentir falta. Eu merecia toda a dúvida. Ela passou-a para meu colo. Eu a beijei, e dali não queria que a tirassem. Sentei-me em uma poltrona que tinha ali perto. A Sra. Thunner me deixou sozinho com ela. Não me cansava ficar olhando para seu rostinho, e me lembrava de Joane. Aquilo me fazia cair, se eu não tivesse com a bebê no meu colo. Passou umas duas horas, quando a bebê começou a chorar, e a Sra. Thunner entra no quarto.

- O que ela tem? – me assustei. Parecia um choro de dor.

- Ela está com fome. Vamos descer. Vou alimentá-la.

Descemos, e fomos para a cozinha. Ela sentou em uma cadeirinha especial, e batia com as mãozinhas na mesa. Sentei-me ao lado dela, e ela pegou minha mão. A Sra. Thunner amassou algumas maçãs em um prato, e começou a alimentá-la.

- Não sei se a senhora se importaria de eu levá-la para ficar alguns dias lá em casa. Quero ficar um pouco mais com ela.

- Você sabe cuidar de uma criança? – agora ela me pegou de surpresa. Se naquela hora em que ela chorou, a Sra. Thunner não tivesse dito que era fome, eu teria dado remédio, pensando que ela estava com dor.

- Não, mas era só o que eu quero, passar alguns dias com ela.

- Eu deixo. Clarisse pode ir com você e ficar o tempo que Daphny ficar lá. Ela vai te ajudar.

- Tudo bem então. Será melhor. – concordei. Pelo menos ela deixou.

- Vou terminar aqui, arrumar as roupinhas e os suprimentos, chamar Clarisse, e então pedir ao meu motorista para que os leve até o seu apartamento.

- Muito obrigado, Sra. Thunner.

- Disponha. – soltou um sorriso.

Clarisse logo desceu com as malas, e eu peguei Daphny no colo. Chegamos no “apartamento”, entrei e esperei o motorista terminar de carregar as bagagens. Eu via na expressão dele a dor que lhe causava. Ele virou-se para mim, e disse com a voz de dor:

- Na última vez que vim aqui, foi para deixar Joane. Agora vou deixar a filha dela. Não sabes o quanto isso me magoa.

- Fique tranqüilo. Ela não vai morar comigo. A Sra. Thunner não vai deixar.

- Sei que você irá cuidar bem dela como cuidou de Joane. Mas é que a última vez que a vi foi quando a deixei aqui. Sempre que ela ia lá eu nunca estava.

- Entendo. Bem, mas sempre que quiser vir aqui ver a Daphny, sempre será bem vindo.

- Obrigado senhor.

- Disponha. E por favor, me chame de Thomas.

- Sim, está bem.

Ele terminou e foi embora. Clarisse levou Daphny no berço.

- Então Thomas, aquele era o quarto de vocês? – Interrompeu o silencio.

- Sim, era. Eu ainda durmo lá. É complicado, doloroso, mas ainda durmo. – expliquei.

- Sinto muito Thomas, eu sempre achei o amor que vocês tinham um pelo outro mágico. Imagino como deve ser difícil pra você, com um final assim.

- Não é um final, eu ainda a tenho em cada pensamento meu, nos meus sonhos, no meu coração. Só a diferença é que não posso mais tê-la em meus braços. Isso me deixa destruído.

- Eu entendo. Mas se não fosse pela Daphny, você teria se suicidado, não é?

- Sim, teria. – não havia como negar. Era a mais pura verdade. – A única razão por eu estar vivo é a Daphny.

- Você não pensa em se casar de novo? Arranjar outra pessoa?- isso foi uma cantada?

- Não, não penso. Joane foi a única que me conquistou. – disse com certeza e clareza.

- Você é jovem Thomas, tem apenas 18 anos. Tem uma vida pela frente. Porque se amarrar em uma ilusão? – isso doeu. Isso me empurrou para o fundo do poço.

- Eu sei que sou jovem. E tenho uma filha para cuidar. Ela precisa de mim, e eu a deixei por sete meses, não quero perder mais nada dela. – expliquei novamente.

- Thomas, se o problema é esse, eu cuido dela para você. Cuido dela e você tem uma vida normal.

- Não vou largar minha filha Clarisse. Eu já falei. Não me importo com mais ninguém, só com ela. Não em importo em perder minha vida por ela. Se tiver que ser assim, que seja. Eu não vejo mais ninguém. Só Joane e Daphny. Só elas, e mais ninguém.

- Tudo bem, desculpe-me então.

- Desculpe também, eu não queria ser grosso. – nós dois tínhamos culpa nessa conversa.

- Tudo bem. – deu um sorriso. Iríamos jogar aquilo fora.

Júnior finalmente chegou. Tomei banho, eles também. Jantamos e Daphny acordou. Júnior e Clarisse se divertiam com ela. Quando terminei, fui brincar com ela. Nós tínhamos uma conexão, como se ela fosse Joane, alguma coisa assim. Ela largou seu brinquedo e veio brincar comigo. Brincamos por horas. Quando eu sentei, botei-a no meu colo, e logo ela adormeceu. Ela me lembrava Joane de muitas formas, ela era toda Joane. Botei-a no berço, no berço que foi meu, e fui dormir também. Naquela noite ela acordou umas quatro vezes, ou era fome, ou cólica, eu mal dormi.

Eu, nessa noite, sonhei com Joane. Ela estava dormindo ao meu lado, e quando acordei, percebi que ela queria falar algo, mas que da boca dela nada saía. Quando eu fui beijá-la, eu acordei. Dei com minha cabeça na cama várias vezes, lamentando, aquilo poderia ser real, tinha que ser real. Daphny logo acordou, e fui ver o que ela queria. Ela estava com fome. Fui até a cozinha, e preparei um mingau, na mamadeira, ela comeu quase tudo. Esperei ela digerir, e ela acordou, finalmente. Ficamos nós na varanda, enquanto Júnior e Clarisse estavam dormindo. Ela havia me encantado, como a mãe. Suas mãozinhas correram pelo meu rosto, e ela sorriu. Retribui o sorriso. Júnior acordou, tomou café e foi trabalhar. Logo, Clarisse também acordou, e eu fui trabalhar.

O dia passou tranqüilo, mas em cada hora de intervalo eu ligava para casa. Preocupação de pai. Bati o meu cartão e fui o mais rápido que pude com a minha velha bicicleta. Mas ela me trazia boas lembranças. Cheguei em casa e Clarisse estava dando banho nela. Quando ela terminou, Daphny olhou para mim, sorriu e bateu palminhas. Clarisse pareceu assustada.

- É a primeira vez que ela bate palminhas. Que linda da tia! É, papai chegou.

Ela olhou pra mim, e não perdi tempo e peguei-a no colo. Ela encostou sua cabecinha no meu peito e suspirou. Com a mão direita agarrou na minha camisa.

- Ela dormiu hoje? – perguntei. Ela parecia cansada.

- Sim, mas ela brincou bastante também. Achei alguns brinquedos de madeira, se não se importa, e brinquei com ela. – ela riu. - Ela está bem cansada.

- É melhor a fazer dormir.

- Não, primeiro ela tem que comer.

Botei-a na cadeirinha. Clarisse tinha feito uma sopinha para bebê, amassado. Ficou meio nojento aquilo. Mas ela comeu. Depois, peguei-a para Clarisse tomar banho. Ela ficou brincando com meus dedos e com minha aliança. Logo depois ela dormiu. Coloquei-a na cama e fui jantar. Cheguei à cozinha e Júnior estava sentado ao lado de Clarisse. Ele estava quieto. Não era típico dele. Sentei e esperei o silêncio ser interrompido. Preparei meu prato e dei a primeira garfada. E nada. O silêncio era constrangedor naquela casa. Júnior terminou, deixou o prato na pia e foi para a sala. Olhei para Clarisse. Será que ela sabia de algo?

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