Amor Além Da Vida

Amor Além Da Vida

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

16º Capítulo

- Clarisse, onde está a Daphny?

- Ela está no quarto. Disse que ia brincar, eu deixei.

- Não, tudo bem. Vou vê-la.

Fui até o quarto. Ela estava sentada na cama, com um porta retrato na mão, e um álbum ao lado. Era hora da verdade. Ela me viu, sorriu, e voltou a olhar a foto.

- Papai, quem é essa moça que está com você na foto?

- Essa moça? – sentei ao lado dela. Chegou a hora da verdade. – Essa moça é sua mãe.

- Hum, e vocês se separaram? Por que eu nunca a vi?

- Não filha, nós nos amávamos incondicionalmente, nós casamos, ela era nova, 17 anos, ela engravidou de você, nós estávamos ansiosos pela sua chegada.

- E o que aconteceu?

- Você vai ter que ser forte filhinha. Certo dia, ela foi ver sua avó, eu insisti pra acompanhá-la, mas ela disse que podia ir sozinha. Eu fui trabalhar, e quando eu estava quase terminando, ligaram do hospital avisando que sua mãe tinha sido atropelada, e que corria risco de vida. Eu corri para o hospital. Cheguei lá, estava sua avó e seu padrinho apavorados. Queria notícias de vocês duas, e então, o médico aparece e diz que você estava bem. – olhei em seus olhos, estavam esperando o desastroso final da história. Tive medo de continuar. Mas sei que ela iria perguntar, então continuei. – Perguntei sobre sua mãe, e o médico disse que ela escolheu sua vida ao invés da dela. Ela não resistiu. Eu não vi você por sete meses. Não tinha forças para cuidar de você. Eu fiquei um lixo. Mas depois eu peguei você e vou cuidar de você até quando eu morrer. – olhei para ela. Seus olhinhos estavam cheios de lágrimas, prontas para transbordar. Agora ela já sabe de tudo, pensei.

- Então, eu sou a culpada pela morte da mamãe? – e começou a chorar. Eu sabia que ela chegaria a essa conclusão. Peguei-a no colo, e a abracei com força.

- Não filha, você não teve culpa nenhuma. O único culpado foi o motorista que a atropelou. Ele estava bêbado, e não matou só ela, matou muita gente que estava no ponto, até um casal de velhinhos. Você não tem culpa de nada minha flor, sua mãe escolheu o que ela achava certo, eu sofri muito com a escolha, mas ela me deixou você, e foi a única coisa que me fez continuar a viver. Sem você, eu teria ido junto com ela.

- Mas ela podia ter me deixado morrer, depois ela teria outra. Ela não precisava ter tirado a vida dela por minha causa.

- Não, não filha, não diga uma coisa dessas! – Tentei acalmá-la. - Queria ter te contado mais tarde, você é muito nova pra entender essas coisas.

- Mas agora eu sei da verdade. É um peso a menos.

- É. Mas prometa que você não vai se culpar por isso. Você não tem culpa de nada. Promete?

- Uhum. Eu prometo.

- Muito bem. Vamos jantar.

- Papai, amanhã você me leva lá onde a mamãe foi enterrada?

- Levo sim. Vem vamos jantar.

Levei-a para a cozinha, o jantar já estava na mesa. Clarisse e Júnior sentaram um no lado do outro, e eu sentei ao lado de Daphny.

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